terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Refletindo...

Qual é a nossa missão?
Texto escrito por Ana Lúcia Pintro em 24 de março de 2004.

Uma de minhas alunas me falou sobre o filme “Uma mente brilhante” que conta a intrigante história de um matemático. Freqüentemente me lembrava da sugestão que provocava meu interesse profissional, muito mais que minha curiosidade. Finalmente consegui arranjar tempo, fazer a locação da fita, pegar uma almofada e um cobertor e me comover com o inesperado; pensei que assistiria somente ao surgimento de uma descoberta matemática importante para a humanidade. Meus modestos conhecimentos não são suficientes para compreender o valor do raciocínio e dos cálculos apresentados, mas foram abalados pela necessidade incomensurável de ir além da sua interpretação e resolução. O que estou fazendo com a matemática que aprendi e o que poderei fazer pelas pessoas que dedicam uma parte valiosa de seu tempo para estudá-la? Todos nós temos uma missão nessa vida e se o meu trabalho é falar desse assunto durante a maior parte de minha existência, deve ser o caminho que me oferece os instrumentos necessários para cumprir meu dever. Amo minha missão e peço que a luz divina esteja iluminando minha mente, minhas palavras e minhas ações para que eu realmente possa dar-lhe beleza, vida e sentido.

Há infinitos tipos de pessoas nesse mundo e incontáveis são as que conhecemos. Acredito que a maioria luta pelo bem, uma parcela considerável erra devido a sua ignorância desmedida, muitos não desconhecem suas próprias intenções, poucos são equilibrados para viver em comunidade e um número incrivelmente pequeno esteve ou ainda está aqui para fazer algo extremamente benéfico pela humanidade. A única certeza que tenho é a de que não faço parte do último grupo e o meu maior receio é descobrir que não faço parte do primeiro. É doloroso querer descobrir a verdade!

Pensamos que os gênios são felizes por esta condição. Quantos alunos desejariam ter uma facilidade para aprender que surpreendesse os pais e encantasse a todos! Eu também já senti esse desejo de ser “inteligente”. Hoje, penso que ser normal é uma forma de proteção. A História insiste em mostrar que o sofrimento persegue as pessoas mais brilhantes que pisaram neste planeta: são rejeitados pelo seu estilo diferente, chamados de loucos por seu comportamento extrapolar as convenções e ironizados pela falta de compreensão que aflora de seus semelhantes não tão semelhantes.

Desde que meu pai faleceu carrego comigo uma sensação de vulnerabilidade diante dos fatos da vida e a certeza de que temos que garantir que nossa vida seja uma forma de tornar quem nos cerca mais felizes. Como? Neste momento eu queria ser um desses gênios da humanidade para responder, mas talvez, eu tivesse que sofrer muito mais e não sei se vale à pena.

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